O corpo humano pode ser comparado a um sofisticado laboratório. Nele, milhares de transformações físico-químicas ocorrem a cada instante, com a finalidade última de nos manter vivos. Um destes processos é constituído por um fino mecanismo que tem a função específica de manter equilibrados os níveis de glicose – o combustível celular – que nosso organismo demanda para uso imediato ou que é armazenado para uso posterior.
Diversas glândulas agem diretamente no mecanismo corpóreo de controle glicêmico, com destaque para as células B do pâncreas, responsáveis pela produção da insulina. Este hormônio atua na transposição da membrana celular, carregando a glicose – o açúcar obtido pela ingestão de carboidratos – para dentro da célula.
Por muito tempo, o diabetes foi compreendido como um distúrbio ligado exclusivamente ao pâncreas, que deixa de produzir insulina suficiente para que a glicose chegue ao interior da célula. Hoje, porém, uma compreensão mais profunda do sistema endocrinológico trouxe a percepção de que o diabetes é melhor definido como uma síndrome metabólica multi-hormonal, onde diversos órgãos e glândulas agem de forma irregular ou são afetados, contribuindo para o agravamento do quadro diabético. Entre os pricipais estão o fígado, os intestinos, os rins, as glândulas hipófise, supra-renais, ptuitária, os sistemas circulatório e o sistema locomotor, além do sistema nervoso, já que fatores emocionais reconhecidamente contribuem para desencadear ou para agravar a doença.
O principal sintoma do diabetes é o aumento da glicose na corrente sanguínea, efeito de uma produção insuficiente de insulina. Sem poder transpor a membrana celular, esta glicose não pode ser utilizada pela célula e deve ser eliminada pelos rins, levando a uma sobrecarga do órgão. Como a célula fica desabastecida, o organismo faz a leitura equivocada de escassez glicêmica, comandando a liberação de mais glicose, elevando ainda mais os níveis de açúcar no sangue.
A maior parte da glicose presente no organismo destina-se ao uso pelo tecido muscular. Por isso a atividade física é enfaticamente recomendada ao portador de diabetes como meio de reduzir a glicose presente no sangue.
Por se tratar de uma técnica que atua no corpo de forma abrangente, o Hatha Yoga é altamente indicado como coadjuvante ao tratamento do diabetes. A prática de Yoga oferece uma proposta de trabalho que age simultaneamente em diversos aspectos do organismo. As melhoras no âmbito emocional são decorrentes de um programa bem planejado e executado com dedicação e assiduidade.
O massageamento abdominal proporcionado pelo trabalho do músculo diafragma e por certas posturas favorece a intensa irrigação sanguínea dos órgãos e glândulas da região do abdômen, melhorando com isso sua funcionalidade e estimulando ao trabalho o pâncreas atrofiado. Outros exercícios trabalham intensamente as articulações, promovendo uma ativação da circulação sanguínea dos braços e pernas. Esta intensificação da irrigação dos membros é extremamente benéfica ao portador de diabetes, prevenindo uma série de problemas provocados pela doença como isquemia das extremidades, distúrbios vasomotores e processos mórbidos como necroses e processo gangrenoso.
Posturas que exigem a torção abdominal combinadas a exercícios respiratórios também favorecem o massageamento da região abdominal. Esse esforço, combinado à intenção de se observar e apreender estados mentais diferentes, atua na harmonização do organismo. O vigoroso movimento diafragmático proporcionado pelos exercícios respiratórios – os pranayamas – intensificam esse massageamento do abdômen, trabalhando toda a musculatura interna e proporcionando uma salutar ativação da circulação na região dos intestinos, fígado e pâncreas. Posturas invertidas têm também o poder de otimizar o sistema excretor, invertendo a posição do fogo digestivo. Este passa a trabalhar na queima residual, promovendo uma gradual limpeza e regulação dos intestinos.
Uma verdadeira revolução se inicia no corpo, e com o tempo – como resultado de uma prática assídua – a gradual remissão do sintomas é percebida à medida que os sistemas corpóreos vão se harmonizando. Além disso, diversos estudos comprovam uma melhora na resposta à medicação.
No Hatha Yoga, a meta é conduzir o paciente à prática meditativa, sugerida no final da sessão. Com um relaxamento induzido, podem ser propostas meditações de cura e de bom funcionamento dos órgãos e glândulas atingidos pela doença, e do organismo como um todo. Ao praticar a concentração e o equilíbrio, a tonificação muscular e o aumento da flexibilidade, diversos processos são desencadeados, favorecendo a estabilização e harmonização do sistema endocrinológico e do organismo.
Entre os diversos problemas associados à doença, o paciente diabético também está sujeito a distúrbios cardiovasculares. A prática de Yoga promove uma melhora no funcionamento do sistema circulatório, fortalecendo o coração e atuando para estabilizar a pressão arterial. Estes efeitos previnem os temidos acidentes vasculares e doenças cardíacas, as principais causas de óbito entre os diabéticos.
Os benefícios proporcionados pelo Yoga a portadores de diabetes são comprovados por inúmeros trabalhos clínicos e por estudos conduzidos principalmente na Índia e nos EEUU, e em testemunhos de pacientes que obtiveram, por meio da prática de Yoga, uma sobrevida de qualidade.
*Marcelo Prado – Instrutor de Hatha Yoga na Clynica da Mente!!
Entre em contato com ele através do telefone da Clynica da Mente ou por e-mail!!
e-mail: lourencomp@yahoo.com.br
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